A
nostalgia de certa forma sempre foi bem vista na realização dos filmes,
possuindo uma relação direta com o público jovem, onde esses identificam-se com
os personagens, construindo a cultura vigente com base na idealização do
passado. Muitos autores abordam essa temática, como por exemplo, Fredric Jameson, que cunha o termo “nostalgia regressiva”, acreditando ser uma forma de
encontrar defeitos no presente, tendo o passado como fonte idealizada e
intacta. Em contrapartida, Linda Hutcheon acredita que a nostalgia é uma forma
de inspiração no passado que causa uma reflexão para as atitudes no presente.
O
filme de Milos Forman, “Hair” realizado em 1979, trata esse sentimento de
nostalgia, recriando a década de 60 norte-americana, na qual foi marcante o movimento
denominado “contracultura”. Movimento que buscou lutar contra a moral
dominante, a tradição, criando novos meios e formas de se expressar. O
movimento Hippie surgiu desse meio, onde jovens buscavam a liberdade corporal e
de expressão, perante uma sociedade capitalista tradicional e moralista. Hair
conta a história de Claude (John Savage), um jovem que foi recrutado para lutar
no Vietnã e em Nova Iorque, este é integrado à um grupo hippie, liderados por
Berger (Treat Williams). O grupo tenta convencer Claude a abdicar dos costumes
dessa sociedade capitalista dominante.
Apesar
do sentimento nostálgico que impulsiona o filme, ao mesmo tempo faz uma crítica a esse período.
Pensamos como Hutcheon que filmes como esse trazem a tensão entre a nostalgia do
pós-modernismo e a ironia do contemporâneo, fazendo assim, uma autorreflexão.
Hair faz parte do gênero musical, na qual cada canção levanta uma crítica. O filme inicia-se com “Aquarius”, canção que sugere uma nova
era, uma nova época, fazendo uma crítica direta aos tempos de guerra. Outras
músicas como “Ain’t got No” e “I got Life”, criticam o apego a bens materiais e
a restrição de liberdade que a sociedade censurava. Na música que dá nome ao
filme (Hair), os hippies questionam o preconceito contra os cabeludos. “Be In”
e “Walk in Space”, falam respectivamente do uso das drogas para a libertação do
espírito e uma crítica em relação as vítimas inocentes da guerra do Vietnã, na
qual a sociedade fecha os olhos para essa realidade. Esse filme,
juntamente com sua trilha sonora, tornaram-se ícone para os jovens que procuram
romper com a moral vigente, em busca de liberdade.
Milos Forman enaltece os tempos
onde lutava-se contra o capitalismo e existia uma razão, um objetivo em comum
entre os jovens, utilizando o movimento hippie como foco principal, mostrando
sua liberdade e desapego com o mundo material, fazendo assim, uma reflexão
entre a idealização de uma sociedade melhor e a realidade. Quando Berger é
enviado para guerra, ao invés de Claude, fica claro o quão forte é essa
sociedade capitalista dominante, e o quão difícil é mudá-la.
Um comentário:
Alguns dos meus amigos vivem na Patagônia. Eu trabalho em ums restaurantes em barueri e eu vou visitar em minhas férias. É um lugar muito tranquilo.
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