sábado, 4 de janeiro de 2014

"Hair e nostalgia", por Maria Eduarda Brito Bezerra Rodrigues



A nostalgia de certa forma sempre foi bem vista na realização dos filmes, possuindo uma relação direta com o público jovem, onde esses identificam-se com os personagens, construindo a cultura vigente com base na idealização do passado. Muitos autores abordam essa temática, como por exemplo, Fredric Jameson, que cunha o termo “nostalgia regressiva”, acreditando ser uma forma de encontrar defeitos no presente, tendo o passado como fonte idealizada e intacta. Em contrapartida, Linda Hutcheon acredita que a nostalgia é uma forma de inspiração no passado que causa uma reflexão para as atitudes no presente.

O filme de Milos Forman, “Hair” realizado em 1979, trata esse sentimento de nostalgia, recriando a década de 60 norte-americana, na qual foi marcante o movimento denominado “contracultura”. Movimento que buscou lutar contra a moral dominante, a tradição, criando novos meios e formas de se expressar. O movimento Hippie surgiu desse meio, onde jovens buscavam a liberdade corporal e de expressão, perante uma sociedade capitalista tradicional e moralista. Hair conta a história de Claude (John Savage), um jovem que foi recrutado para lutar no Vietnã e em Nova Iorque, este é integrado à um grupo hippie, liderados por Berger (Treat Williams). O grupo tenta convencer Claude a abdicar dos costumes dessa sociedade capitalista dominante.

Apesar do sentimento nostálgico que impulsiona o filme, ao mesmo tempo faz uma crítica a esse período. Pensamos como Hutcheon que filmes como esse trazem a tensão entre a nostalgia do pós-modernismo e a ironia do contemporâneo, fazendo assim, uma autorreflexão.

Hair faz parte do gênero musical, na qual cada canção levanta uma crítica. O filme inicia-se com “Aquarius”, canção que sugere uma nova era, uma nova época, fazendo uma crítica direta aos tempos de guerra. Outras músicas como “Ain’t got No” e “I got Life”, criticam o apego a bens materiais e a restrição de liberdade que a sociedade censurava. Na música que dá nome ao filme (Hair), os hippies questionam o preconceito contra os cabeludos. “Be In” e “Walk in Space”, falam respectivamente do uso das drogas para a libertação do espírito e uma crítica em relação as vítimas inocentes da guerra do Vietnã, na qual a sociedade fecha os olhos para essa realidade. Esse filme, juntamente com sua trilha sonora, tornaram-se ícone para os jovens que procuram romper com a moral vigente, em busca de  liberdade.

 Milos Forman enaltece os tempos onde lutava-se contra o capitalismo e existia uma razão, um objetivo em comum entre os jovens, utilizando o movimento hippie como foco principal, mostrando sua liberdade e desapego com o mundo material, fazendo assim, uma reflexão entre a idealização de uma sociedade melhor e a realidade. Quando Berger é enviado para guerra, ao invés de Claude, fica claro o quão forte é essa sociedade capitalista dominante, e o quão difícil é mudá-la.



Um comentário:

Jorge Ramiro disse...

Alguns dos meus amigos vivem na Patagônia. Eu trabalho em ums restaurantes em barueri e eu vou visitar em minhas férias. É um lugar muito tranquilo.