A escola de samba é uma das grandes representações da identidade brasileira. Criada a partir do samba, que é brasileiro, a escola de samba tem um grande peso no processo de formação de um símbolo para o samba. Uma escola de samba é caracterizada como um grupo heterogêneo, uma coletividade onde os seus participantes, geograficamente próximos ou não da escola, reúnem os mesmos valores musicais. O símbolo ‘escola de samba’ é de importância fundamental na identidade dos sambistas. Eles possuem e legitimam laços internos de união através do samba. Esse símbolo permite que as pessoas tenham práticas sociais e culturais únicas em relação ao resto da população. Isso se refere não ao contexto privado, mas ao público, não no contexto privado, mas ao público, nas ocasiões em que estão todos juntos e reunidos.
A escola de samba se constitui como um depositário simbólico das tradições e de todo o valor que o samba possui. Formou-se uma agremiação que reúne todos, os representa e os define. O símbolo escola de samba é muito forte para um sambista. Surgiu juntamente com a consolidação do samba como a grande música representativa do Rio de Janeiro e do Brasil, nos anos 20 e 30. Ou seja, surgiu pouco tempo depois das primeiras gravações de sambas. Com isso, virou referência, pois os músicos nasceram dentro delas. Quando não se formam nesse meio, invariavelmente o adotam, e escolhem uma escola para participar e fazer parte.
Por exemplo, Cartola era da Mangueira, pois era do morro da Mangueira, além de ser um dos fundadores da escola. Já Martinho da Vila, como o próprio nome diz, é da Vila Isabel. Paulinho da Viola é da Portela. Cabe ressaltar que, no caso desses dois últimos sambistas, eles não nasceram ‘da Vila Isabel’ ou ‘da Portela’. Eles se integraram às suas escolas. Ou seja, a escolheram. Integraram-se ao símbolo que é a escola de samba e introduziram este símbolo nas suas vidas. Mart’nália, filha de Martinho da Vila, é da Vila Isabel certamente devido à influência familiar, embora ela pudesse se identificar livremente com qualquer outra escola.
O exemplo das escolas de sambas do grupo especial de Rio de Janeiro é determinante para as escolas dos grupos de acesso, e também para a de outras cidades. Todos os modelos, inovações e estilos de escola de samba foram ‘adotados’ e absorvidos pelas outras escolas do Rio de Janeiro e de outros lugares, como de São Paulo. Isso mostra que o que se faz nas escolas do Rio de Janeiro rapidamente se espalha, como se fosse praticamente uma regra.
É importante salientar que a própria existência de escolas de samba em diversas cidades do Brasil e do mundo demonstra que essas regiões imitaram e importaram uma cultura e um costume nascidos e desenvolvidos originalmente apenas no Rio de Janeiro. Porém, na medida em que outras cidades criaram escolas de samba, apesar de ser uma forma de representação não originária do local, as mesmas passam a representar simbolicamente os valores de seus integrantes.
A escola de samba funciona atualmente apenas como um dispositivo simbólico, em que os sambistas ainda a têm como uma referência. Mesmo os que não concordam com a situação em que se encontram as escolas de samba, acabam desfilam pelo valor sentimental, pelo ‘coração’, pela tradição, e não mais porque estão ligados à escola, ou porque nela eles se encontrariam para cantar e fazer sambas. Os sambistas - todo sambista é ‘sambista verdadeiro’, pois, não sendo verdadeiro, não poderia receber a denominação de sambista – desfilam e falam de suas escolas na maior parte das vezes pelo que ela já foi um dia ou pelo pouco que ainda é hoje, no que diz respeito a fazer sambas e a ser um ‘celeiro’ de sambistas, e não a ganhar ou perder carnavais.
Os sambistas que representam o espírito da ‘escola de samba’ tornam-se minoria durante os desfiles. Não apenas numericamente, mas também no sentido de valor. Por exemplo, as velhas guardas, na maioria das escolas, são colocadas na parte final dos desfiles. Não que desfilar fechando desfiles de escolas de samba seja sinal de desprestígio por si só. Porém, há lugares mais vitais para a boa fluidez e o correto sentido de um desfile, como, por exemplo, no início, e perto da bateria. Velhas guardas representam a própria formação e início das escolas, além da manutenção e continuidade da tradição. É a razão dela existir, dos jovens continuarem nela, e serem sambistas. É devido ao exemplo e à marca que os sambistas de uma escola deixam e, claro, ao fato de ser da comunidade, mas não só por isso, que uma pessoa se sente parte de uma escola.
Dessa maneira, o samba e os sambistas, a essência da escola, viram minoria, e se encontra sufocada por aqueles que mandam nas escolas, que definem os rumos e os que acabam sempre freqüentando, enfim, são pessoas que se profissionalizam nessas funções e que já observam a escola de samba da maneira como ela é retratada atualmente: uma instituição que se destina apenas a competir em um desfile no carnaval.
Os negros, frequentemente, também se apresentam minoritariamente no carnaval. Muitas vezes, achá-los no desfile no meio da multidão é uma tarefa complicada. Contudo, o que é encontrado com grande facilidade são as personalidades – pessoas famosas – que aparecem apenas na hora do desfile para aproveitar a exposição atingida. A escola de samba é intensamente vista e mostrada durante os dias de carnaval. Porém, o que tem destaque na imprensa são as ‘beldades’ e ‘estrelas’ que “arrebentaram a Sapucaí”. As ‘musas do carnaval’ não são mais as passistas que realmente são da escola e de seu bairro, mas sim as estrelas que estão em maior ascendência na televisão.
Essa situação passa pela auto-representação que a escola tem de si mesma. Ou melhor, uma representação que foi criada, pois é a maneira como seus dirigentes gostam para promover as escolas. Trazer modelos, atrizes, ou pessoas que estão famosas por qualquer que seja o motivo, para serem rainhas de bateria e destaques em carros alegóricos, entre outras coisas. Essa estratégia é alimentada pelos dois lados - as escolas e a mídia - e se torna um círculo vicioso, pois o que é mostrado na imprensa sobre as escolas, praticamente são apenas as ‘musas’, enquanto que os próprios dirigentes chamam a imprensa pra ver as suas ‘musas’. Ou seja, a própria escola - a diretoria, especificamente - alimenta essa representação midiática das escolas de samba.
Muitos dos que estão nesse meio, e que possuem consciência do sentido de uma escola de samba, não podem lutar contra um ‘establishment’, uma espécie de sistema hegemônico que molda os desfiles atuais e define como uma escola de samba deve ser, o que deve fazer para conseguir dinheiro para desfilar, como deve fazer seus carros, suas fantasias, suas alas, de que maneira deve apresentar sua bateria e seu samba, enfim, os elementos principais do desfile. Diante disso, muitas escolas se vêem obrigadas a abandonar tradições para tentar se enquadrar às exigências dos jurados e da Liga Independente das Escolas de Samba, o órgão que organiza as etapas do carnaval.
As escolas mais recentes, ou as de pouca representatividade, apresentam maior suscetibilidade à influência do processo homogeneizador. O fato delas não possuírem os elementos e os princípios básicos de como se formaram as escolas de samba. Elas não possuem características fortes o bastante para resistirem, ou simplesmente, não possuem marcas próprias, que seriam a base de sua criação. Porém, isso é algo que nem as escolas tradicionais conseguem evitar.
No ano de 2005, duas tradições foram quebradas, e, curiosamente, em sentidos opostos, em relação às baterias de duas escolas. Também curiosamente, essas baterias são duas das consideradas melhores. A Mocidade Independente de Padre Miguel, famosa desde a década de 60 pela sua bateria e por suas paradinhas, teve muitas notas baixas nesse quesito nos anos anteriores. Essa marca é tão forte na agremiação, que, quando ela começou a ficar famosa, era conhecida como “a bateria que tem uma escola”, pois o que fez a mocidade virar uma grande escola foi de fato a sua bateria. O samba “Salve a Mocidade”, cantado por Elza Soares, mostra a reputação da bateria: “Padre Miguel é a capital da escola de samba que toca melhor no carnaval. Lá vem a bateria da Mocidade Independente, não existe mais quente!”.
As paradinhas da Mocidade foram as que ‘instituíram’, ao longo do tempo, a quase ‘obrigação’ que as baterias atualmente têm em apresentar paradinhas, e das mais diversas maneiras. Isso pelo simples fato de ter que apresentá-las, não importando se elas são ou não convenientes ao respectivo samba e ao estilo que a bateria toca em uma determinada escola. Ela sempre desfilou com a bateria realizando paradinhas e, na busca por ‘agradar’ o gosto dos jurados, rompeu com sua tradição e desfilou sem a sua grande característica. A bateria percorreu a avenida completamente ‘reta’, ou seja, sem realizar paradinhas. Essa é uma tentativa de se adequar ao ‘sistema’, de se adaptar à homogeneização e, como isso, até mesmo de sobreviver no grupo principal do carnaval. Porém, não surtiu efeito e a escola não conseguiu receber notas altas.
Já a Mangueira, que também vinha recebendo notas baixas nos anos anteriores, tem como uma das suas características marcantes o fato de sua bateria sempre passar ‘reta’ na avenida. A escola nunca tinha feito paradinhas. Em 2005, quebrou a sua tradição, e as apresentou, mas também não conseguiu notas boas por parte dos jurados. Não houve uma boa receptividade e adaptação, principalmente pro parte de seus integrantes. Essas características são de fato marcas culturais dessas escolas, e trocá-las ou mudá-las acarreta uma descaracterização. No ano seguinte, as duas voltaram a apresentar na bateria as suas características marcantes. Essa cultura é tão forte nessas escolas, na Mocidade, de fazer paradinhas, e na Mangueira, de nunca fazê-las, que elas conseguiram resistir à essa homogeneização, e mostram o grande simbolismo e identidade que essas características trazem às respectivas escolas.
O desfile em si é apenas uma conseqüência do que seria uma agremiação com vários sambistas, com uma comunidade que realmente lutasse por ela e pelo samba, e que, no período carnavalesco, todos desfilassem cantando um samba que representasse o estilo de seus compositores, mostrando a sua dança, sambando e evoluindo graças a essa música, e, a partir disso, fazendo uma grande festa. Contudo, houve uma inversão de valores. O efeito tomou o lugar da causa, e o desfile carnavalesco passou a ser o grande cerne de uma escola, e a razão dela existir. O efeito - o desfile - passou a ser praticamente sinônimo de escola de samba, e não mais o ‘samba’ em si. Esse passou a ser um mero detalhe na realidade das escolas de samba. O que passou a caracterizar as agremiações é praticamente apenas o desfile de carnaval. Por exemplo, entre ter um samba ‘ruim’ e ter alegorias ‘ruins’, as escolas preferem a primeira opção.
Como o desfile de carnaval é uma competição, o que recebe nota alta, por qualquer motivo, é copiado; e o que recebe nota baixa, é excluído ou reduzido. Até a década de 50, os enredos exaltavam a pátria Eram os chamados enredos capa-e-espada, com personagens e acontecimentos da história oficial, como Tiradentes, a Batalha do Riachuelo, Tuiuti, entre outros. A partir da década de 60, o Salgueiro inovou ao apresentar temas negros, como Quilombo dos Palmares, em 1960, e Chica da Silva, em 1963. Ganhou vários carnavais, e a temática mais diversa, de maneira natural, foi absorvida pelas outras escolas. Em 1976, o carnavalesco Joãozinho Trinta colocou pessoas em cima dos carros alegóricos da Beija-flor. Ganhou o carnaval, não apenas por esse motivo em especial, mas, a partir disso, acabou instituindo uma prática que chegou a ser proibida no carnaval de 1982, e que permanece até hoje. Outro exemplo de como as escolas rapidamente absorvem elementos de outras agremiações, ainda no campo estético, é o recente caso do carnavalesco Paulo Barros, que, a partir de 2004, levou ao extremo a opção que virou ‘regra’: de levar pessoas em cima dos carros alegóricos. Ele fez carros com construções e coreografias utilizando dezenas de pessoas, e colocando, no carnaval de 2007, uma parte da bateria da Viradouro em cima dos carros alegóricos. Características suas já começam a ser sutilmente, ou ‘descaradamente’ copiadas e adaptadas em outras escolas.
No aspecto musical, o mais fundamental da festa, a descaracterização é tão forte que gerou, a partir da década de 80, um fenômeno chamado de marcheamento. Principalmente nessa década, houve uma aceleração no andamento e no estilo das músicas, o que posteriormente comprometeu a própria estrutura rítmica das composições, com muitas não sendo em ritmo de samba, apesar de serem executadas ao som de uma bateria, que dá um ritmo de samba, mas que não tem a capacidade de transformar qualquer melodia em samba. Alguns desses ‘sambas de enredo’, como o caso de “Festa Profana”, da União da Ilha, em 1989, tornaram-se clássicos. Para ressaltar que esse é um fenômeno que se tornou hegemônico, mas que tem as suas exceções, no mesmo ano, a Imperatriz Leolpoldinense veio com o samba “Liberdade! Liberdade! Abra as Asas sobre nós!”, que se tornou bastante conhecido. Ou por exemplo, em 2003, quando a mesma Imperatriz veio com um samba de enredo bastante descaracterizado, enquanto que a Mangueira e a Unidos da Tijuca foram para a avenida com sambas que são realmente sambas, ou seja, com melodias que estão estruturadas em ritmo de samba.
Paralelo a esse fenômeno, ocorre outro, relativo ainda aos sambas do carnaval, e que ocorre independente do marcheamento ou não do samba. É a pasteurização dos sambas de enredo, em que eles se tornam muito parecidos, tanto melodicamente, quanto nas letras. O que demonstra que a estereotipização é encampada pelos compositores das escolas, que, em sua maioria, permanecem no óbvio ao fazer os sambas. Em sua maioria, os compositores que participam das disputas para escolha do samba – e que tem dinheiro para tal – não são sambistas no sentido de fazerem sambas regularmente, durante o ano inteiro. Eles fazem apenas um samba por ano: o samba de enredo com que disputarão o concurso interno da escola. Isso por si só é um fator que explica como fica cada vez mais restrito o universo musical do samba de enredo, sem ter muito contato com o próprio samba em si. Samba de enredo não é subgênero, nem estilo de samba. É apenas uma categorização, um samba como outro qualquer, cuja letra conta uma história, ou seja, um enredo. Por exemplo, o samba “Mestre-Sala dos Mares”, de João Bosco, é um samba de enredo. Não é de carnaval, nem de alguma escola, mas é um samba de enredo.
A descaracterização do samba de enredo existe independentemente dele ser executada pela bateria de forma lenta ou rápida. Há o argumento de que a escola tem que passar no tempo certo, e que, com uma composição lenta, tornaria impossível a passagem da escola sem ultrapassar o tempo, dado o atual tamanho e dimensão delas. Contudo, mostra-se equivocado quando são analisados alguns exemplos de escolas que nunca tiveram problema algum, e inclusive ganhando, mesmo indo pra avenida com sambas, digamos, sem descaracterização, não importando se foram executados ou não com andamento acelerado. É o exemplo da Beija-flor, em 2004 e 2005. A escola veio com samba e bateria cadenciada, e ganhou o carnaval.
As próprias escolas já se alertaram sobre as mudanças ocorridas nelas, através dos próprios enredos. O Império Serrano, em 1982, veio com o enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, sobre a história das escolas de samba, e falou do crescente processo de comercialização das mesmas: “Super Escolas de Samba S/A, super alegorias, escondendo gente bamba, que covardia!”. A São Clemente, em 1990, trouxe o enredo “E o samba sambou”, criticando o modelo de escola de samba que já imperava na época. A letra diz:
“Vejam só! O jeito que o samba ficou... E sambou! Nosso povão ficou fora da jogada, nem lugar na arquibancada ele tem mais pra ficar. Abram espaço nesta pista, e por favor, não insistam em saber quem vem aí! O mestre-sala foi parar em outra escola, carregado por “cartolas” do poder de quem dá mais. E o puxador vendeu seu passe novamente. Quem diria, minha gente? Vejam o que o dinheiro faz! É fantástico! Virou Hollywood isso aqui. Luzes, câmeras e som! Mil artistas na Sapucaí! Mas o show tem que continuar, e muita gente ainda pode faturar: “Rambositores”: mente artificial. Hoje o samba é dirigido com sabor comercial. Carnavalescos e destaques vaidosos, Dirigentes poderosos criam tanta confusão. E o samba vai perdendo a tradição! Que saudade da Praça Onze e dos grandes carnavais! Antigo reduto de bambas, onde todos curtiam o verdadeiro samba”.
Candeia, compositor portelense, juntamente com outros sambistas, como Paulinho da Viola, Martinho da Vila, e Elton Medeiros, criou, em 1975, o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Samba Quilombo, que desfilava, mas não participava da disputa do carnaval. O objetivo era ser uma resistência contra a descaracterização do sentido cultural e das tradições das escolas de samba. Em texto, uma espécie de manifesto de fundação da escola Quilombo diz:
Respeito mitos e tradições (...) Não admito moldes! As forças contrárias são muitas, não faz mal... (...) Ninguém pode imperar. Teoria deixa de lado, dou vazão à riqueza de um modo ideal. (...) Não sou radical, pretendo apenas salvaguardar o que resta de uma cultura. Gritei bem alto explicando a um sistema que cala vozes importantes e permite que outras totalmente alheias falem quando bem entenderem... (...) Não almejo glórias, faço questão de não virar academia, tampouco palácio. Quero sair pelas ruas do subúrbio com minhas baianas rendadas sambando sem parar... Com minha comissão de frente digna de respeito... Intimamente ligados as minhas origens, artistas plásticos, figurinistas, coreógrafos, departamento culturais profissionais... (...)
O Quilombo, em sua criação, buscava mostrar a visão de que, quando o samba e a escola se submetem a diversas influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura do povo. Essa possibilidade da escola deixar de lado, ou mesmo, se afastar de seu referencial, ou seja, daquilo que permitiu a sua existência, a tornaria incapaz de representar plenamente sua base, no caso, o samba. É uma contradição o fato de algo que foi criado como um símbolo em si, e que tem na simbologia a sua identidade e grande razão de ser, não reunir mais elementos que possam legitimá-la enquanto representante dessa cultura. O que não quer dizer que ela não possa mais representar, ou que tenha perdido sua significação, mas, obviamente, dessa maneira, a escola não está representando plenamente a sua origem.
Essa situação das escolas de samba é um sistema que foi se instalando aos poucos e virou regra. Fazer um desfile com samba ‘de verdade’ se torna atualmente uma ousadia que poucos têm coragem de embarcar. “Nadar contra a maré” sempre é complicado. Isso exige, no mínimo, familiaridade e sintonia com o samba, e, sobretudo, consciência para contornar uma situação delicada, pois essa identidade da escola de samba, mesmo estando descaracterizada, continua sendo uma tradição forte e representativa para o samba.
A escola de samba se constitui como um depositário simbólico das tradições e de todo o valor que o samba possui. Formou-se uma agremiação que reúne todos, os representa e os define. O símbolo escola de samba é muito forte para um sambista. Surgiu juntamente com a consolidação do samba como a grande música representativa do Rio de Janeiro e do Brasil, nos anos 20 e 30. Ou seja, surgiu pouco tempo depois das primeiras gravações de sambas. Com isso, virou referência, pois os músicos nasceram dentro delas. Quando não se formam nesse meio, invariavelmente o adotam, e escolhem uma escola para participar e fazer parte.
Por exemplo, Cartola era da Mangueira, pois era do morro da Mangueira, além de ser um dos fundadores da escola. Já Martinho da Vila, como o próprio nome diz, é da Vila Isabel. Paulinho da Viola é da Portela. Cabe ressaltar que, no caso desses dois últimos sambistas, eles não nasceram ‘da Vila Isabel’ ou ‘da Portela’. Eles se integraram às suas escolas. Ou seja, a escolheram. Integraram-se ao símbolo que é a escola de samba e introduziram este símbolo nas suas vidas. Mart’nália, filha de Martinho da Vila, é da Vila Isabel certamente devido à influência familiar, embora ela pudesse se identificar livremente com qualquer outra escola.
O exemplo das escolas de sambas do grupo especial de Rio de Janeiro é determinante para as escolas dos grupos de acesso, e também para a de outras cidades. Todos os modelos, inovações e estilos de escola de samba foram ‘adotados’ e absorvidos pelas outras escolas do Rio de Janeiro e de outros lugares, como de São Paulo. Isso mostra que o que se faz nas escolas do Rio de Janeiro rapidamente se espalha, como se fosse praticamente uma regra.
É importante salientar que a própria existência de escolas de samba em diversas cidades do Brasil e do mundo demonstra que essas regiões imitaram e importaram uma cultura e um costume nascidos e desenvolvidos originalmente apenas no Rio de Janeiro. Porém, na medida em que outras cidades criaram escolas de samba, apesar de ser uma forma de representação não originária do local, as mesmas passam a representar simbolicamente os valores de seus integrantes.
A escola de samba funciona atualmente apenas como um dispositivo simbólico, em que os sambistas ainda a têm como uma referência. Mesmo os que não concordam com a situação em que se encontram as escolas de samba, acabam desfilam pelo valor sentimental, pelo ‘coração’, pela tradição, e não mais porque estão ligados à escola, ou porque nela eles se encontrariam para cantar e fazer sambas. Os sambistas - todo sambista é ‘sambista verdadeiro’, pois, não sendo verdadeiro, não poderia receber a denominação de sambista – desfilam e falam de suas escolas na maior parte das vezes pelo que ela já foi um dia ou pelo pouco que ainda é hoje, no que diz respeito a fazer sambas e a ser um ‘celeiro’ de sambistas, e não a ganhar ou perder carnavais.
Os sambistas que representam o espírito da ‘escola de samba’ tornam-se minoria durante os desfiles. Não apenas numericamente, mas também no sentido de valor. Por exemplo, as velhas guardas, na maioria das escolas, são colocadas na parte final dos desfiles. Não que desfilar fechando desfiles de escolas de samba seja sinal de desprestígio por si só. Porém, há lugares mais vitais para a boa fluidez e o correto sentido de um desfile, como, por exemplo, no início, e perto da bateria. Velhas guardas representam a própria formação e início das escolas, além da manutenção e continuidade da tradição. É a razão dela existir, dos jovens continuarem nela, e serem sambistas. É devido ao exemplo e à marca que os sambistas de uma escola deixam e, claro, ao fato de ser da comunidade, mas não só por isso, que uma pessoa se sente parte de uma escola.
Dessa maneira, o samba e os sambistas, a essência da escola, viram minoria, e se encontra sufocada por aqueles que mandam nas escolas, que definem os rumos e os que acabam sempre freqüentando, enfim, são pessoas que se profissionalizam nessas funções e que já observam a escola de samba da maneira como ela é retratada atualmente: uma instituição que se destina apenas a competir em um desfile no carnaval.
Os negros, frequentemente, também se apresentam minoritariamente no carnaval. Muitas vezes, achá-los no desfile no meio da multidão é uma tarefa complicada. Contudo, o que é encontrado com grande facilidade são as personalidades – pessoas famosas – que aparecem apenas na hora do desfile para aproveitar a exposição atingida. A escola de samba é intensamente vista e mostrada durante os dias de carnaval. Porém, o que tem destaque na imprensa são as ‘beldades’ e ‘estrelas’ que “arrebentaram a Sapucaí”. As ‘musas do carnaval’ não são mais as passistas que realmente são da escola e de seu bairro, mas sim as estrelas que estão em maior ascendência na televisão.
Essa situação passa pela auto-representação que a escola tem de si mesma. Ou melhor, uma representação que foi criada, pois é a maneira como seus dirigentes gostam para promover as escolas. Trazer modelos, atrizes, ou pessoas que estão famosas por qualquer que seja o motivo, para serem rainhas de bateria e destaques em carros alegóricos, entre outras coisas. Essa estratégia é alimentada pelos dois lados - as escolas e a mídia - e se torna um círculo vicioso, pois o que é mostrado na imprensa sobre as escolas, praticamente são apenas as ‘musas’, enquanto que os próprios dirigentes chamam a imprensa pra ver as suas ‘musas’. Ou seja, a própria escola - a diretoria, especificamente - alimenta essa representação midiática das escolas de samba.
Muitos dos que estão nesse meio, e que possuem consciência do sentido de uma escola de samba, não podem lutar contra um ‘establishment’, uma espécie de sistema hegemônico que molda os desfiles atuais e define como uma escola de samba deve ser, o que deve fazer para conseguir dinheiro para desfilar, como deve fazer seus carros, suas fantasias, suas alas, de que maneira deve apresentar sua bateria e seu samba, enfim, os elementos principais do desfile. Diante disso, muitas escolas se vêem obrigadas a abandonar tradições para tentar se enquadrar às exigências dos jurados e da Liga Independente das Escolas de Samba, o órgão que organiza as etapas do carnaval.
As escolas mais recentes, ou as de pouca representatividade, apresentam maior suscetibilidade à influência do processo homogeneizador. O fato delas não possuírem os elementos e os princípios básicos de como se formaram as escolas de samba. Elas não possuem características fortes o bastante para resistirem, ou simplesmente, não possuem marcas próprias, que seriam a base de sua criação. Porém, isso é algo que nem as escolas tradicionais conseguem evitar.
No ano de 2005, duas tradições foram quebradas, e, curiosamente, em sentidos opostos, em relação às baterias de duas escolas. Também curiosamente, essas baterias são duas das consideradas melhores. A Mocidade Independente de Padre Miguel, famosa desde a década de 60 pela sua bateria e por suas paradinhas, teve muitas notas baixas nesse quesito nos anos anteriores. Essa marca é tão forte na agremiação, que, quando ela começou a ficar famosa, era conhecida como “a bateria que tem uma escola”, pois o que fez a mocidade virar uma grande escola foi de fato a sua bateria. O samba “Salve a Mocidade”, cantado por Elza Soares, mostra a reputação da bateria: “Padre Miguel é a capital da escola de samba que toca melhor no carnaval. Lá vem a bateria da Mocidade Independente, não existe mais quente!”.
As paradinhas da Mocidade foram as que ‘instituíram’, ao longo do tempo, a quase ‘obrigação’ que as baterias atualmente têm em apresentar paradinhas, e das mais diversas maneiras. Isso pelo simples fato de ter que apresentá-las, não importando se elas são ou não convenientes ao respectivo samba e ao estilo que a bateria toca em uma determinada escola. Ela sempre desfilou com a bateria realizando paradinhas e, na busca por ‘agradar’ o gosto dos jurados, rompeu com sua tradição e desfilou sem a sua grande característica. A bateria percorreu a avenida completamente ‘reta’, ou seja, sem realizar paradinhas. Essa é uma tentativa de se adequar ao ‘sistema’, de se adaptar à homogeneização e, como isso, até mesmo de sobreviver no grupo principal do carnaval. Porém, não surtiu efeito e a escola não conseguiu receber notas altas.
Já a Mangueira, que também vinha recebendo notas baixas nos anos anteriores, tem como uma das suas características marcantes o fato de sua bateria sempre passar ‘reta’ na avenida. A escola nunca tinha feito paradinhas. Em 2005, quebrou a sua tradição, e as apresentou, mas também não conseguiu notas boas por parte dos jurados. Não houve uma boa receptividade e adaptação, principalmente pro parte de seus integrantes. Essas características são de fato marcas culturais dessas escolas, e trocá-las ou mudá-las acarreta uma descaracterização. No ano seguinte, as duas voltaram a apresentar na bateria as suas características marcantes. Essa cultura é tão forte nessas escolas, na Mocidade, de fazer paradinhas, e na Mangueira, de nunca fazê-las, que elas conseguiram resistir à essa homogeneização, e mostram o grande simbolismo e identidade que essas características trazem às respectivas escolas.
O desfile em si é apenas uma conseqüência do que seria uma agremiação com vários sambistas, com uma comunidade que realmente lutasse por ela e pelo samba, e que, no período carnavalesco, todos desfilassem cantando um samba que representasse o estilo de seus compositores, mostrando a sua dança, sambando e evoluindo graças a essa música, e, a partir disso, fazendo uma grande festa. Contudo, houve uma inversão de valores. O efeito tomou o lugar da causa, e o desfile carnavalesco passou a ser o grande cerne de uma escola, e a razão dela existir. O efeito - o desfile - passou a ser praticamente sinônimo de escola de samba, e não mais o ‘samba’ em si. Esse passou a ser um mero detalhe na realidade das escolas de samba. O que passou a caracterizar as agremiações é praticamente apenas o desfile de carnaval. Por exemplo, entre ter um samba ‘ruim’ e ter alegorias ‘ruins’, as escolas preferem a primeira opção.
Como o desfile de carnaval é uma competição, o que recebe nota alta, por qualquer motivo, é copiado; e o que recebe nota baixa, é excluído ou reduzido. Até a década de 50, os enredos exaltavam a pátria Eram os chamados enredos capa-e-espada, com personagens e acontecimentos da história oficial, como Tiradentes, a Batalha do Riachuelo, Tuiuti, entre outros. A partir da década de 60, o Salgueiro inovou ao apresentar temas negros, como Quilombo dos Palmares, em 1960, e Chica da Silva, em 1963. Ganhou vários carnavais, e a temática mais diversa, de maneira natural, foi absorvida pelas outras escolas. Em 1976, o carnavalesco Joãozinho Trinta colocou pessoas em cima dos carros alegóricos da Beija-flor. Ganhou o carnaval, não apenas por esse motivo em especial, mas, a partir disso, acabou instituindo uma prática que chegou a ser proibida no carnaval de 1982, e que permanece até hoje. Outro exemplo de como as escolas rapidamente absorvem elementos de outras agremiações, ainda no campo estético, é o recente caso do carnavalesco Paulo Barros, que, a partir de 2004, levou ao extremo a opção que virou ‘regra’: de levar pessoas em cima dos carros alegóricos. Ele fez carros com construções e coreografias utilizando dezenas de pessoas, e colocando, no carnaval de 2007, uma parte da bateria da Viradouro em cima dos carros alegóricos. Características suas já começam a ser sutilmente, ou ‘descaradamente’ copiadas e adaptadas em outras escolas.
No aspecto musical, o mais fundamental da festa, a descaracterização é tão forte que gerou, a partir da década de 80, um fenômeno chamado de marcheamento. Principalmente nessa década, houve uma aceleração no andamento e no estilo das músicas, o que posteriormente comprometeu a própria estrutura rítmica das composições, com muitas não sendo em ritmo de samba, apesar de serem executadas ao som de uma bateria, que dá um ritmo de samba, mas que não tem a capacidade de transformar qualquer melodia em samba. Alguns desses ‘sambas de enredo’, como o caso de “Festa Profana”, da União da Ilha, em 1989, tornaram-se clássicos. Para ressaltar que esse é um fenômeno que se tornou hegemônico, mas que tem as suas exceções, no mesmo ano, a Imperatriz Leolpoldinense veio com o samba “Liberdade! Liberdade! Abra as Asas sobre nós!”, que se tornou bastante conhecido. Ou por exemplo, em 2003, quando a mesma Imperatriz veio com um samba de enredo bastante descaracterizado, enquanto que a Mangueira e a Unidos da Tijuca foram para a avenida com sambas que são realmente sambas, ou seja, com melodias que estão estruturadas em ritmo de samba.
Paralelo a esse fenômeno, ocorre outro, relativo ainda aos sambas do carnaval, e que ocorre independente do marcheamento ou não do samba. É a pasteurização dos sambas de enredo, em que eles se tornam muito parecidos, tanto melodicamente, quanto nas letras. O que demonstra que a estereotipização é encampada pelos compositores das escolas, que, em sua maioria, permanecem no óbvio ao fazer os sambas. Em sua maioria, os compositores que participam das disputas para escolha do samba – e que tem dinheiro para tal – não são sambistas no sentido de fazerem sambas regularmente, durante o ano inteiro. Eles fazem apenas um samba por ano: o samba de enredo com que disputarão o concurso interno da escola. Isso por si só é um fator que explica como fica cada vez mais restrito o universo musical do samba de enredo, sem ter muito contato com o próprio samba em si. Samba de enredo não é subgênero, nem estilo de samba. É apenas uma categorização, um samba como outro qualquer, cuja letra conta uma história, ou seja, um enredo. Por exemplo, o samba “Mestre-Sala dos Mares”, de João Bosco, é um samba de enredo. Não é de carnaval, nem de alguma escola, mas é um samba de enredo.
A descaracterização do samba de enredo existe independentemente dele ser executada pela bateria de forma lenta ou rápida. Há o argumento de que a escola tem que passar no tempo certo, e que, com uma composição lenta, tornaria impossível a passagem da escola sem ultrapassar o tempo, dado o atual tamanho e dimensão delas. Contudo, mostra-se equivocado quando são analisados alguns exemplos de escolas que nunca tiveram problema algum, e inclusive ganhando, mesmo indo pra avenida com sambas, digamos, sem descaracterização, não importando se foram executados ou não com andamento acelerado. É o exemplo da Beija-flor, em 2004 e 2005. A escola veio com samba e bateria cadenciada, e ganhou o carnaval.
As próprias escolas já se alertaram sobre as mudanças ocorridas nelas, através dos próprios enredos. O Império Serrano, em 1982, veio com o enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, sobre a história das escolas de samba, e falou do crescente processo de comercialização das mesmas: “Super Escolas de Samba S/A, super alegorias, escondendo gente bamba, que covardia!”. A São Clemente, em 1990, trouxe o enredo “E o samba sambou”, criticando o modelo de escola de samba que já imperava na época. A letra diz:
“Vejam só! O jeito que o samba ficou... E sambou! Nosso povão ficou fora da jogada, nem lugar na arquibancada ele tem mais pra ficar. Abram espaço nesta pista, e por favor, não insistam em saber quem vem aí! O mestre-sala foi parar em outra escola, carregado por “cartolas” do poder de quem dá mais. E o puxador vendeu seu passe novamente. Quem diria, minha gente? Vejam o que o dinheiro faz! É fantástico! Virou Hollywood isso aqui. Luzes, câmeras e som! Mil artistas na Sapucaí! Mas o show tem que continuar, e muita gente ainda pode faturar: “Rambositores”: mente artificial. Hoje o samba é dirigido com sabor comercial. Carnavalescos e destaques vaidosos, Dirigentes poderosos criam tanta confusão. E o samba vai perdendo a tradição! Que saudade da Praça Onze e dos grandes carnavais! Antigo reduto de bambas, onde todos curtiam o verdadeiro samba”.
Candeia, compositor portelense, juntamente com outros sambistas, como Paulinho da Viola, Martinho da Vila, e Elton Medeiros, criou, em 1975, o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Samba Quilombo, que desfilava, mas não participava da disputa do carnaval. O objetivo era ser uma resistência contra a descaracterização do sentido cultural e das tradições das escolas de samba. Em texto, uma espécie de manifesto de fundação da escola Quilombo diz:
Respeito mitos e tradições (...) Não admito moldes! As forças contrárias são muitas, não faz mal... (...) Ninguém pode imperar. Teoria deixa de lado, dou vazão à riqueza de um modo ideal. (...) Não sou radical, pretendo apenas salvaguardar o que resta de uma cultura. Gritei bem alto explicando a um sistema que cala vozes importantes e permite que outras totalmente alheias falem quando bem entenderem... (...) Não almejo glórias, faço questão de não virar academia, tampouco palácio. Quero sair pelas ruas do subúrbio com minhas baianas rendadas sambando sem parar... Com minha comissão de frente digna de respeito... Intimamente ligados as minhas origens, artistas plásticos, figurinistas, coreógrafos, departamento culturais profissionais... (...)
O Quilombo, em sua criação, buscava mostrar a visão de que, quando o samba e a escola se submetem a diversas influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura do povo. Essa possibilidade da escola deixar de lado, ou mesmo, se afastar de seu referencial, ou seja, daquilo que permitiu a sua existência, a tornaria incapaz de representar plenamente sua base, no caso, o samba. É uma contradição o fato de algo que foi criado como um símbolo em si, e que tem na simbologia a sua identidade e grande razão de ser, não reunir mais elementos que possam legitimá-la enquanto representante dessa cultura. O que não quer dizer que ela não possa mais representar, ou que tenha perdido sua significação, mas, obviamente, dessa maneira, a escola não está representando plenamente a sua origem.
Essa situação das escolas de samba é um sistema que foi se instalando aos poucos e virou regra. Fazer um desfile com samba ‘de verdade’ se torna atualmente uma ousadia que poucos têm coragem de embarcar. “Nadar contra a maré” sempre é complicado. Isso exige, no mínimo, familiaridade e sintonia com o samba, e, sobretudo, consciência para contornar uma situação delicada, pois essa identidade da escola de samba, mesmo estando descaracterizada, continua sendo uma tradição forte e representativa para o samba.
Referências Bibliográficas:
LOPES, Nei. Partido alto: Samba de bamba. Rio de Janeiro, Pallas, 2005.
CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Lumiar, 1996.
HISTÓRIA DO SAMBA. Editora Globo. Rio de Janeiro, 1998. 40 fascículos.
ENTREVISTA. Fernando Pamplona. Disponível em: http://www.obatuque.com/
baluartes_da_midia/fernando_pamplona/fernando_pamplona.htm
PROJETO DO SESC VALORIZA A CULTURA DE MADUREIRA E ADJACÊNCIAS. Disponível em: http://www.portelaweb.com.br/solciapublitex/exibe.ph p?selec1=novpor&selec2=&selec3=20070522001.
LOPES, Nei. Partido alto: Samba de bamba. Rio de Janeiro, Pallas, 2005.
CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Lumiar, 1996.
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ENTREVISTA. Fernando Pamplona. Disponível em: http://www.obatuque.com/
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PROJETO DO SESC VALORIZA A CULTURA DE MADUREIRA E ADJACÊNCIAS. Disponível em: http://www.portelaweb.com.br/solciapublitex/exibe.ph p?selec1=novpor&selec2=&selec3=20070522001.
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