sexta-feira, 24 de junho de 2011

"O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", por Marina Didier



Na França, locação comum de milhares de filmes, um se destaca pela maneira como transmite o sentimento da cidade. O filme do francês Jean Pierre Jeunet gravado em 2001, cativou admiradores da cidade do amor, pelo modo simples de retratar uma Paris de pessoas comuns, que vivem suas vidas desfrutando de pequenos prazeres. Eis que surge Amélie Poulain, a história da sua vida começa desde o momento da sua gestação, que acontece de forma natural, num dia como outro qualquer. Uma mosca, uma taça de vinho, uma agenda telefônica que perde mais um número. É assim que a narrativa começa. Despretensiosa, a forma de enxergar os fatos da vida, acaba por atrair o público para uma história que poderia ser a de qualquer um.

Amélie também transforma o espaço de Paris. Antes vivia com o pai numa casa mais afastada do centro urbano. Na vida adulta, decide sair de casa e ir morar no bairro do Montmartre, é como se a cidade crescesse nas telas junto com a moça. Ela se liberta dos excessos de cuidado do pai, e descobre que a vida que leva ordinariamente, pode ser fantástica a partir de ações altruístas em favor de estranhos. Seus amigos cultivam prazeres simples, observados por ela como gostos e desgostos. Isso constrói na narrativa, um conjunto de qualidades que criam o caráter das personagens. A satisfação de Amélie ao realizar os desejos dos outros é imensa, contudo, a moça percebe que a sua felicidade não é completa. É nessa fase do enredo, que Amélie percebe o quanto é infeliz por não conseguir resolver seus próprios problemas. A cidade de Paris torna-se então um agente na história, tornando possível o encontro casual de Amélie e Nino no metrô de Paris.

Por se tratar de um filme pós-moderno, não há uma visão da cidade como virtude nem como vício, apenas existe a cidade com toda sua heterogeneidade, para além do bem e do mal talvez. É interessante como se apresentam os fatos urbanos da cidade, a personagem principal usa a cidade como um objeto de sedução através desses “fatos”. A basílica du Sacré-Cœur, é um exemplo dessa atração por mediação da cidade.

Toda fantasia e romance da história sugere um retorno a valores da infância, pureza, generosidade e amor, é como se a cidade da lembrança nostálgica trouxesse a verdadeira felicidade.

2 comentários:

Luma Dias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luma Dias disse...

sse é outro filme maravilhoso!totalmente poético!

lindo demais!

"sem você,as emoções de hoje seriam apenas uma pele morta das emoções do passado"