sexta-feira, 24 de junho de 2011
A cidade e “Tudo Que o Céu Permite (1955)” , por Jonathan Wolpert
O filme dirigido por Douglas Sirk, considerado o mestre do melodrama, recebeu muitas criticas negativas na época em que foi lançando (assim como os outros melodramas de Sirk) mas hoje em dia é sem dúvidas aclamado pela crítica especializada. Estrelado por Jane Wyman e Rock Hudson e conta a história de um amor quase impossível entre uma mulher mais velha, Cary Scott (Jane Wyman) mãe de dois filhos e da alta sociedade de uma cidade pequena (retratada como se os moradores tivessem certo conservadorismo quanto às questões civis) que se apaixona pelo seu jardineiro, Ron Kirby (Rock Hudson), um homem mais novo que a sociedade não aceita ser o substituto do falecido marido da Cary Scott.
A história do filme é muito simples, consiste dos momentos de dificuldade que Cary passa em relação com seus amigos e filhos por causa de Ron. Temos momentos em que podemos perceber que Cary realmente se importa com a relação da idade, já que é 15 anos mais velha que Ron. Também podemos notar que ela não parece se importar muito com o que as pessoas da alta sociedade falam, mas dá extremo valor a opinião dos filhos, chegando até a romper o namoro com Ron para manter uma relação estável com os filhos.
A trama chega a seu ponto crítico quando Cary decide interromper seu relacionamento com Ron e logo após o rompimento Ron sofre um acidente e entra em coma. Cary se arrepende de ter acabado o relacionamento com Ron, vendo que realmente o ama e não quer perder o amor da sua vida. Ela volta para o moinho (que foi transformado em uma casa para os dois viverem juntos) e espera Ron acordar, trazendo um final feliz para o filme.
Podemos analisar diversas relações entre a cidade e este filme do Douglas Sirk, como a cidade mostrada de forma conservadora e até mesmo “perfeita de mais” ao mesmo tempo em que temos uma cidade festeira, mostrada tanto pelo lado da alta sociedade quanto pelo lado da sociedade operária. Quando mostrado o lado da alta sociedade, podemos ver certa seleção quanto a quem participa das festas e também o tipo de vestimenta luxuosa usada pelos convidados, mostrando uma cidade talvez um pouco conservadora de mais.
Quando é mostrada a cidade em seus momentos de festa junto com os amigos de Ron, podemos notar um tom mais animado, ressaltado pelo diretor, mostrando que as pessoas mais humildes conseguem se divertir mais, o que nos leva a refletir sobre a situação atual das cidades em que geralmente as pessoas de classes mais baixas conseguem fazer festas mais animadas.
Podemos notar uma visão muito mais clássica da cidade, mostrada demasiada conservadora pelo diretor, provavelmente para causar o impacto e passar a mensagem da quebra de fronteiras entre classes. Notamos também que a vegetação se torna algo muito importante a ser mostrado por Sirk, o mesmo faz diversas tomadas (como o início do filme) mostrando muitas árvores e algumas casas de madeira, e também no final do filme mostrando o inverno na cidade como algo bonito e com certo tom nostálgico.
Quebrando preconceitos numa época cheia de preconceitos raciais e sexuais, além de tradições antigas que impediam a felicidade, Sirk se mostra como um diretor visionário, influenciando filmes mais atuais como “O Medo Devora a Alma” (1974) e “Longe do Paraíso” (2002). Douglas Sirk estava à frente de seu tempo.
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