domingo, 7 de novembro de 2010

O Modernismo Tinha Objetivos?, por Evandro Mesquita



Na história da arte, o termo “moderno” é usado para descrever o estilo e a ideologia artística no período de 1860 a 1960. A expressão é também usada quando nos referimos à arte no período moderno. Em suma, o Modernismo refere-se à filosofia da arte moderna.

A pergunta que se faz é: O Modernismo tinha algum objetivo? Qual objetivo? o Modernismo falhou? Falhou por quê? Falhou porque tinha um objetivo que não foi alcançado? Que objetivo era este?

Os estudiosos de arte tendem a falar de pintura moderna, por exemplo, como aquilo que é concebido a partir das cores, formas e linhas que são aplicadas nos objetos. Atribui-se a origem da arte moderna em 1860 com o pintor francês Manet com o Café da Manhã na Grama e Olympia.

A pergunta é: quais seus objetivos ao pintar tais quadros? Ele queria explorar novas cores, novas relações espaciais? E por que quis ele explorar estas novas matérias? Por que produziu uma pintura modernista?

Quando o Café da Manhã na Grama foi exibido muitos se escandalizaram não apenas com o tema, que mostra dois homens vestidos em roupas contemporâneas sentados na grama com uma mulher nua, mas também com a maneira não-convencional em que foi pintado. Com Olympia, mais escândalo: Olympia mostra uma mulher nua olhando para o público. Por que Manet pintou estes quadros desse jeito já sabendo que as pessoas ficariam perturbadas?

Para responder tais questões é preciso entender uma perspectiva mais ampla do modernismo. Assim, talvez se chegue à filosofia e identidade do modernismo e seus objetivos, bem como a percepção de arte que tem o artista no mundo moderno.
As raízes do modernismo jazem mais profundamente na história do que a metade do século dezenove. Para historiadores o suporte do modernismo vem desde o Renascimento através do estudo da arte, poesia, filosofia e ciência da Grécia e Roma antigas onde os humanistas colocam o homem como centro do universo, onde a consciência social e política são exaltadas. A ideia de uma sociedade perfeita surge neste período.
Ou seja, o humanismo do Renascimento pode ser visto no modernismo em forma de confiança no potencial do homem de moldar seu próprio destino. A liberdade individual defendida no Renascimento é uma das bases do modernismo onde o artista vai recriar de maneira livre uma nova maneira de ver o homem e o universo. Isto responde de certa forma, as questões feitas a respeito de Manet.

O Modernismo e a política.

Após a Segunda Guerra Mundial, a história do Modernismo começou a ser desafiada. Havia evidências que a empreitada do modernismo estava falhando. As bases do movimento, sua crença no progresso, na liberdade e na igualdade foram apoiadas por artistas e intelectuais. Entretanto, agora havia motivo para se questionar estas crenças. Após duzentos anos de eforços concentrados nós próprios nos perguntamos o que foi alcançado.

É verdade que muitos avanços foram conquistados na ciência, tecnologia, medicina, educação, etc., mas, o mundo se tornou um lugar melhor de se viver para todos? O movimento modernista ajudou na criação de uma sociedade mais humana, justa e melhor? Basta apenas olharmos ao nosso redor para responder a estas questões...
Alguns problemas do modernismo estavam visíveis já no início do século vinte. O massacre sem sentido da Primeira Guerra mostrava que a fé modernista no progresso tecnológico e científico como um caminho para um mundo melhor havia falhado.
Para os dadaístas, a guerra sinalizava a decadência de toda a arte moderna. Pode-se até dizer que Dada marca o início de uma mentalidade pós-modernista.

No período entre a Primeira e Segunda Guerra o modernismo continuou seu curso em busca de seus objetivos, porém juntamente com outras forças. Artistas como Pablo Picasso deram apoio ao comunismo, juntando-se ao partido em 1944.
A Revolução Russa parecia, na época, e por muito tempo, ser a resposta ao sonho modernista. O comunismo Marxista foi a tentativa mais firme de se criar uma sociedade melhor, adotando não uma democracia política, mas uma democracia econômica que visava a uma igualdade econômico-social. O comunismo dava uma visão de liberdade universal baseado na liberdade de idéias.

Os artistas modernistas, na sua liberdade de imaginação apresentada em seus trabalhos encorajavam esta liberdade.

Porém, em 1932, com Stalin, esta liberdade foi limitada e a arte moderna foi forçada a adotar uma forma mais conservadora conhecida como o Realismo Socialista.
O corte da arte moderna em favor da propaganda do Realismo Socialista ocorreu também na Alemanha Nazista de Hitler.

Hitler queria, também, criar uma nova e melhor sociedade, mas seus métodos para alcançar este desejo chocaram o mundo: os nazistas lançaram mão das teorias de Darwin (a raça superior sobrevive e a inferior desaparece) para dar suporte a seus objetivos.

O propósito da arte moderna começava a evaporar. O sentimento era de que já havia
cumprido o seu papel e agora estava sem direção.
Assim, outras formas de representação começaram a surgir a partir dos anos 60: a arte conceitual, o Pós-modernismo. Mas, aí é outra história...

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