domingo, 3 de julho de 2011

O Fabuloso destino de Amélie Poulain, por Thaís Lima


Amélie não tem namorado. Tentou uma ou duas vezes, mas o resultado não foi o que esperava. Em compensação, cultiva um gosto particular pelos pequenos prazeres. Enfiar a mão bem fundo no saco de cereais , quebrar a cobertura do Crème Brúlée com a colher...e jogar pedras no canal Saint Martin”

Desde o início, apegado aos pequenos detalhes e às minuciosidades da vida, o improvável filme de Jean-Pierre Jeunet, O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001),é uma surpreendente produção francesa ,bem diferente das já trazidas por Jeunet e mais interessante ainda por se tratar de uma renovação no cinema francês, conhecido pelos seus sombrios filmes de ficção.

O destino não se mostrava tão fabuloso para Amélie Poulain no começo do filme ,já que quando criança ela não pôde conviver com pessoas de sua idade por seus pais acharem que a menina sofria de uma anomalia cardíaca e por isso não a mandaram para a escola. Na verdade, o coração dela se acelerava toda vez que o pai, médico, a examinava, já que sendo este pouco afetivo, nunca a abraçava, fazendo com que a menina se emocionasse e ficasse nervosa com o raro contato físico com o pai.

Já adulta ,Amélie( Audrey Tautou),muda-se para o bairro de Montmatre e vai trabalhar como garçonete no Deux Moulin. Nesta parte do filme, mostra-se as principais características dos personagens como, “Esta é Suzanne,a dona do café.Ela manca um pouco,mas nunca derrubou um copo.Ela gosta: De atletas que choram de decepção.Não gosta: Que um pai seja humilhado na frente de seu filho.” A grande quantidade de descrições é uma marca forte do filme,onde predominam os mínimos detalhes de cada personagem e principalmente da protagonista.

O filme tem forte relação com a cidade,mostrando uma Paris bem iluminada,aconchegante e florida,com suas estações de metrô ,seus parques, seus prédios antigos e suas belas paisagens vistas de cima.Não se percebe a cidade como vício,mas talvez apenas como virtude, onde a mesma é ponto de encontros e desencontros.Uma cidade,onde o rumor tranquilo é favorável às histórias de amor e de volta ao passado romântico.

A solidão a qual foi submetida quando criança é um dos importantes fatores no momento em que Amélie Poulain decide que vai fazer a vida das pessoas ao seu redor melhorar.Ao encontrar uma caixa contendo objetos de um antigo morador de seu apartamento,Amélie se empenha na busca pelo dono daquelas lembranças,e quando o encontra e percebe o bem que causou ao homem,decide que vai se dedicar a tarefa altruísta de tornar as pessoas mais felizes.

Tudo estava normal,Amélie de vez em quando visitava o pai,trabalhava no café e se distraía ajudando as pessoas,até que se apaixonou a primeira vista por Nino Quincampoix. Desde então,ela teve que se adaptar com a possibilidade de por um fim a toda solidão que a acompanhava desde a infância,dando chance a um inesperado sentimento,como é o amor.

“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” é todo acompanhado pela bela trilha sonora de Yann Tiersen,que combina,acima de tudo,com o clima parisiense de paz e tranquilidade que se mostra no filme .Ao mesmo tempo, as músicas também andam em harmonia com a vida de Amélie que se divide entre momentos cheios de imaginação e de realidade,sobretudo inspirada nos pequenos prazeres da vida.

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