domingo, 10 de agosto de 2014

“All that Jazz/O Show Deve Continuar”, por Allisson Mendes



O musical “All that Jazz/O Show Deve Continuar”, de 1979 é considerado um dos grandes musicais de todos os tempos. O filme foi dirigido por Bob Fosse e conta com Roy Scheider, Jessica Lange e Ann Reinking no elenco principal.
A narrativa traz o relato semiautobiográfico do diretor Bob Fosse através do personagem Joe Gideon (Roy Scheider), um coreógrafo, escritor e diretor de cinema bastante dedicado às suas atribuições, perfeccionista, que adora curtir as mulheres. Enquanto prepara mais um espetáculo, Bob também trabalha na edição do seu último filme, “The Stand-up”. Durante um dos ensaios, Bob sofre um enfarte. No período mais delicado de sua situação de saúde, ele começa a rever momentos passados, sendo tais recordações colocadas como números musicais.
Durante seu momento mais delicado, Joe inicia um diálogo forte, intenso e sedutor com a morte, que no filme aparece personificada através de Jéssica Lange. A relação de Joe com as mulheres que fazem parte de sua vida (sua ex- mulher, sua filha, sua atual namorada e as outras mulheres com quem se relaciona) é bastante explorada em boa parte do filme. Em relação à morte, Joe vive em uma tentativa dura de não se entregar, sobretudo ao desejo, já que a figura da morte se apresenta sempre muito bela, sedutora e angelical.
O roteiro do filme é muito bem feito e muito criativo pela forma com que conta a historia de Joe, associando suas memórias afetivas, sua situação médica, a sua relação direta com a morte e a música, que tem lugar de destaque em todo filme, quase todas as cenas do filme são marcantes e possuem uma importância narrativa grande. Os diálogos do filme trazem uma mistura entre frases fortes e mais marcantes, e momentos de casualidade. Há uma sutileza na utilização do humor e uma carga dramática forte, carregada de um pouco de melancolia.
Os números musicais que aparecem nos trabalhos de Joe como diretor e, posteriormente, em suas recordações, são exuberantes pela coreografia (orientada também por Bob Fosse), e por todo o trabalho de cenografia e direção de arte. Elementos que acompanharam a vida de Joe, como o cigarro, a bebida, o sexo e as relações com as mulheres que fazem parte de sua vida, são os principais temas apresentados nos números musicais, sempre com coreografias e figurinos sensuais. Destaque para a canção “Bye, Bye, Love”, arranjada por Ralph Burns, e para a cena musical em que o som é retirado com o intuito de deixar claro que se trata de uma memória de Joe.
O elenco tem um papel de destaque para o sucesso que o filme obteve. Roy Scheider conseguiu corresponder com muita eficiência o seu papel, e Jessica Lange, fez neste que foi o seu segundo trabalho importante no cinema, um personagem marcante. O trabalho de direção merece destaque, junto com a edição. O musical conquistou diversos prêmios no Oscar, no Festival de Cannes e em outros importantes festivais de cinema internacional.

O filme foi produzido no final da década de 70, uma época, para o gênero musical, que representava um pouco da tentativa de reconstrução do gênero e de readaptação aos novos modelos de produção e distribuição, haja vista que a TV já exercia um papel forte e predominante na sociedade norte-americana. Nessa mesma época outros bons musicais foram produzidos, entre o desejo de ver renascer o gênero que há muito tempo vinha em decadência e a vontade de se aproximar de temas e de perfis mais contemporâneos à época.

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